Gaúcho ou rio-grandense?

Publicado em 18/09/2022 22h19 - Atualizado há 2 anos - de leitura

Você prefere ser chamado de “rio-grandense” ou de “gaúcho”? Aposto que, se fizermos uma pesquisa, 99% dos nossos conterrâneos preferem mesmo ser identificados como “gaúchos”. Isto pode ter pouca importância, mas apenas aparentemente. No fundo, esta escolha traz consigo toda uma carga cultural e afetiva. A palavra “gaúcho” representa algo muito maior do que apenas uma informação geográfica sobre a origem da pessoa. Vou tentar explicar essa encrenca. Afinal, a formação do que hoje conhecemos como Rio Grande do Sul é algo épico.

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O Rio Grande já foi terra de três grupos indígenas: os guaranis, os jês e os pampeanos. Em 1626 os jesuítas espanhóis cruzaram o rio Uruguai para criar (por concessão do Papa e da Espanha) a “Província Jesuítica do Paraguai”, uma área muito grande que hoje envolve parte do sul e vai até o Mato Grosso, atingindo também o Paraguai e a Bolívia. Em 1680 os portugueses criavam a Colônia de Sacramento, e a partir de então o nosso Rio Grande esteve, durante muito tempo, entre a faca e a espada. Ora pertencia a Portugal, ora pertencia a Espanha. Algo parecido também aconteceu com o atual país vizinho, o Uruguai. A partir de 1761 as tropas de Buenos Aires ocuparam grande parte do nosso Estado, durante 13 anos. A retomada do Rio Grande acelerou a entrega de sesmarias, cujo objetivo era ocupar o território libertado. As grandes propriedades de criação de gado foram parar nas mãos de militares do centro do país. Essa conversa serve para mostrar que a nossa região de Santa Rosa já foi dos índios, dos padres, dos espanhóis, dos portugueses, dos mestiços e adquiriu suas feições atuais por conta das levas dos imigrantes. Não é pouca coisa.

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Um século atrás os “gaúchos” ainda eram vistos como aventureiros, ladrões de gado e malfeitores. Gente que vivia no campo, na maioria índios ou mestiços. O termo era, pois, depreciativo, e isso perdurou por muito tempo. Aos poucos, fomos percebendo que nós (rio-grandenses, argentinos e uruguaios) temos hábitos, costumes, vestimentas e até um vocabulário semelhante. Assim, descobrimos que somos de uma vasta região, que hoje tem fronteiras políticas que a dividem, mas que não eliminam tudo o que nos aproxima. Por isso mesmo ser “gaúcho” é ser um pouco uruguaio, um pouco argentino e um pouco brasileiro. Talvez pouca gente perceba, mais isto é um legado belíssimo!

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Na década de 1960, a avassaladora cultura dos Estados Unidos dominou o Brasil. Tudo era copiado (ou imitado) da moda, da mídia, do cinema e da música deles. Estávamos sufocados pela cultura exportada pelos norte-americanos. Aí surgiu uma forte reação aqui no Rio Grande. O tradicionalismo se organizou, surgiram os primeiros festivais de música e os escritores passaram a falar das coisas e da história do Rio Grande. Esta nova visão da vida do gaúcho ajudou a criar a imagem de respeito que hoje alimentamos, apesar de algumas polêmicas que surgem aqui ou acolá. O movimento da época modificou o comportamento de toda uma geração e também das que a sucederam. De tal forma que, hoje, ver jovens sorvendo um mate ou um tererê faz parte do nosso cotidiano. É uma identidade. Por isso, continuaremos sendo “gaúchos”.

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