ALFABETO VOICE - Musicanto com Gerson Lauermann
Publicado em 27/10/2023 10h15 - Atualizado há 2 semanas - de leitura
Contagem regressiva para um dos mais importantes eventos culturais do Rio Grande do Sul. O Musicanto, que completa 40 anos, acontece de 16 a 18 de novembro no Centro Cívico de Santa Rosa.
Criado em 1983, o festival, que destaca a música sulamericana de nativismo e todas suas vertentes, ultrapassou quatro décadas construindo uma história de perseverança por parte de seus realizadores, homens e mulheres apaixonados pela proposta surgida há 40 anos, a partir de iniciativa do então prefeito Erni Friederich e do músico Luiz Carlos Borges, seus idealizadores.
Presidente da Comissão Central do Musicanto 40 anos, Gérson Lauermann é o convidado desta edição do Alfabeto e fala a respeito da organização deste importante evento de Santa Rosa.
Gerson é casado Lígia Escher Lauermann, pai de Lisandra Paola Lauermann e Guilherme Alexander Lauermann.
Contador, Pós graduado em Comércio Exterior, Mestrando em Administração Estratégica de Negócios, e Empresário do ramo de importação e exportação.
Acompanhe a entrevista com Gerson, que nos fala sobre o Musicanto, este grande evento que vai ser realizado em novembro no Centro Cívico Cultural.
Gerson como foi ser escolhido para comandar o Musicanto – Festival Sul Americano de Nativismo?
O privilégio de estar à frente deste importante festival e com a oportunidade de efetivamente implantar o modelo de gestão da Fenasoja, representa a oportunidade de um legado ao evento. A trajetória do Musicanto enobrece quem tem a oportunidade de liderar a equipe que o faz.
Que tamanho é este desafio presidir um evento grandioso como este?
O desafio maior está na busca de recursos. Por duas vezes não priorizado pela lei de incentivo estadual, a força da comunidade se fez em voz alta e com recursos da Comunidade, através da Prefeitura Municipal, com apoio da Câmara de Vereadores, mais a Fenasoja e dezenas de empresas e pessoas físicas está sendo possível vencer esse desafio. Os demais, organizacionais, o time leva a bom termo com facilidade.
E, mesmo com o recurso da LIC aos 46 do segundo tempo, a captação também não é algo tão simples.
Qual sua avaliação da aprovação tardia da LIC para o Musicanto 2023?
Mesmo discordando dos critérios objetivos do Conselho Estadual da Cultura – que o próprio Governador Eduardo Leite fez coro neste sentido –, e após duas tentativas fracassadas, reapresentamos o projeto à LIC, logrando aprovação em 19 de outubro, quando tínhamos 28 dias para o evento. Em função de termos decidido manter o evento com recursos próprios, podemos aproveitar – se tivermos captação – os recursos da lei de incentivo. Mas isso não é para cardiopata.
Nos fale da programação do Musicanto 2023?
Uma máxima que ganhou força no Musicanto é que temos 24 shows durante o evento, que são as obras classificadas. Teremos mais 4 shows, para abrilhantar ainda mais. Das 24 classificadas, 11 são do RS, 3 de SP, 2 de MG, 2 do PA, 1 da BA, 1 de SC, 1 da PB e 2 do Uruguai e 1 do Paraguai. É uma multiplicidade de ritmos nativos que certamente vai encantar o público.
Quantas músicas irão concorrer e qual será a premiação do evento?
São 22 músicas na categoria geral e 2 na instrumental.
Ajuda de custo: R$ 3.500,00 para composições que os autores distem até 1.000 (mil) km de Santa Rosa;
R$ 5.800,00 para composições que os autores distem acima de 1.001 km de Santa Rosa.
A premiação para os vencedores do festival:
a. 1º Lugar Categoria Livre - R$ 9.000,00
b. 2º Lugar Categoria Livre – R$ 8.000,00
c. 3º Lugar Categoria Livre – R$ 7.000,00
d. 1º Lugar Categoria Instrumental - R$ 9.000,00
e. Melhor Arranjo – R$ 1.200,00
f. Melhor Intérprete – R$ 1.200,00
g. Melhor Letra – R$ 1.200,00
h. Melhor Instrumentista – R$ 1.200,00
Música Mais Popular – R$ 1.700,00.
Como as pessoas podem adquirir os ingressos?
Através do site do Musicanto, na Hidrofer e no Centro Cultural Fioravante Pedrazani.
O Musicanto é um dos principais festivais de música brasileira e nativista do Estado. Este evento promete muitas homenagens, músicas e shows com artistas que enaltecem a cultura gaúcha e nacional?
Começamos esta edição do Musicanto com uma grande homenagem, que foi declarar o Luiz Carlos Borges como presidente de honra e mesmo tendo se elevado, continua com o título. Também, na mesma linha, convidado como Conselheiro Internacional, o Negro Manolo, do Vire o Mate, também se elevou. Tivemos o privilégio de tê-los juntos no palco em 2022, quando do lançamento do Musicanto.
A relevância do Musicanto para o RS, Brasil e América Latina se fez notar com mais evidência, quando da segunda negativa da LIC. Reverberou longe a nossa insatisfação e a força demonstrada pela manutenção do evento, naquele momento, sem a LIC.
Quanto aos shows, temos o Guri de Uruguaiana, que já pisou no palco do Musicanto como concorrente e é uma figura querida e reconhecida do público gaúcho; o Mauro Moraes, que é uma referência no cancioneiro nativista gaúcho; o primeiro Tributo ao Borges Oficial, trazendo grandes figuras do nativismo gaúcho para o palco do Musicanto e, para fechar a conta, Javier Árias, cantante argentino, que vem com sua arte fazer o fechamento do Musicanto dos 40 anos.
“Este evento reúne músicos, compositores, arranjadores, cantores e intérpretes no mesmo palco, como uma oportunidade para manifestar seus talentos e proporcionar cada vez mais visibilidade da música gaúcha. Em 2023 chegamos a 29ª edição que traz a força daqueles que tiveram a coragem de insistir num sonho, enfrentar os desafios e as dificuldades”. Como avalias esta afirmação?
Penso que, a música gaúcha, a nativa, é uma referência e não só para os mais conservadores. Já ganhou o gosto da juventude.
Mas, nesta edição, temos 11 obras do RS e com ritmos diversos e ecléticos, mostrando a riqueza cultural do nosso estado, temos 10 de outras Unidades da Federação, mostrando a pluralidade do evento e, ainda, 2 uruguaias e 1 paraguaia, evidenciando a latinidade do evento.
Talvez possa-se afirmar que a música gaúcha é uma referência em meio a essa latinidade e que aqui se canta a aldeia, para além da aldeia.
Precisamos entender que a preservação da cultura e da nossa identidade tem um valor imensurável. Qual a importância da população regional contribuir, incentivar e participar deste grande evento?
A nossa identidade cultural tem a ver com a influência dos nossos imigrantes, que trouxeram sua cultura e assimilaram também sonoridades e influências dos povos originários. Porém, dizer que temos uma característica até a costa do Rio Uruguai e ali fica, não me parece correto. Influenciamos e somos influenciados pela cultura argentina, uruguaia, paraguaia e de outros estados do Brasil. Somos um crisol de culturas que nos dá essa multiplicidade, refletida já há 40 anos no palco do Musicanto.
Como foi para o Musicanto perder seu criador e embaixador Luiz Carlos Borges?
A perda do Borges não é só para o Musicanto, mas para a cultura da América Latina. A relevância do legado dele vai influenciar muitas gerações no continente (temos que ter a consciência que ele não é só nosso). Tivemos a sensibilidade de nomeá-lo presidente de honra ainda estando entre nós e agora e isso imortaliza essa grande figura.
Quais serão as novidades do evento?
O Musicanto tem uma característica imutável que é nunca ser igual. Sempre é surpreendente e polêmico, seja no palco, nas obras ou em outros contextos. A novidade principal, penso eu, foge do palco e vai para a gestão do evento, que teve efetivamente implantado o modelo de gestão da Fenasoja, objetivo perseguido desde 2018, quando a feira assumiu a gestão do festival.
Frase preferida...
do Plutarco: “Um exército de cervos comandado por um leão é muito mais temível que um exército de leões comandado por um cervo.”
Acompanhe o Alfabeto pelo Empresário e Presidente do Musicanto Gerson.
A de Acabativa. Só a iniciativa não basta.
B de Business. Tudo é business, inclusive o Musicanto, que se não for visto como um negócio – pelo menos do ponto de vista de gestão –, definha.
C de Conselho, que deve ser buscado com quem sabe mais que a gente.
D de Determinação, para alcançar os objetivos.
E de Evolução. Seguindo a linha da Fenasoja, a evolução – sem perder a essência –, é fundamental.
F de Fé, no Criador, para avançar sempre.
G de Generosidade, pensando em retribuir tudo que a vida nos brinda.
H de Harmonia, para as boas relações humanas.
I de Inovação, buscando fazer de forma diferente o que já vem sendo feito. Pelo menos isso.
J de Jardim. Plante o seu também no sentido figurado.
K de Kit, para cada solução ao evento, para não precisar do kit de primeiros socorros.
L de Lar, para onde sempre voltamos e somos abraçados pela Família.
M de Movimento, permanente, sem imobilidade.
N de Novo. Abrir-se ao novo é positivo, pois o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro.
O de Objetividade. O tempo é um dos bens mais preciosos que temos.
P de Perseverança, naquilo que buscamos.
Q de Qualidade. Fazer o melhor, mesmo se não tiver ninguém olhando ou cobrando.
R de Resultados, que devem ser pretendidos antes de começar a caminhada.
S de Serenidade, para decidir nas bifurcações da vida.
T de Tesão pelo que se faz, sempre.
U de Unidade. Imprescindível para a boa condução de qualquer projeto.
V de Vida. Maior bem que possuímos e que é finita.
W de Whisky, para relaxar.
X de Xícara de café, para estar atento.
Y de Yuan, porque não se pode desligar dos negócios.
Z de Zelo, principalmente pelo que é de todos.