Blog Voice, por Eunice Arsand
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Alfabeto Julio Cesar Marin

Publicado em 10/06/2022 14h13 - Atualizado há 2 anos - de leitura

Divertido, espontâneo e engraçado Julio Cesar Marin conversou com a VOICE Jornal Noroeste - sobre a vida, escolhas e principalmente viver sem amarras, vivenciar experiências que agregam conhecimento, proteção e cuidados para uma vida de qualidade.

Julio é empregado Público Federal há nove anos, formado em Comunicação Social - Jornalismo pela UFN onde atuou na área até 2012.

Transferido para Santa Rosa em 2020, algo que desejava desde 2013, hoje trabalha e reside em Santa Rosa. Sua família é do interior de Tuparendi – Cinquentenário, onde tem grande parte dos laços afetivos e sempre torceu muito para ficar perto deles.

Confira o Alfabeto de Júlio

Como é seu dia a dia e onde você se realiza?

Eu tenho privilégio de trabalhar numa Empresa Pública, na qual ingressei por meio de concurso em 2012/2013. Tenho muitos laços na cidade, e com certeza a minha realização é ver a minha família unida e forte.

Júlio relate sua experiência de autoaceitação?

Eu posso dizer que sempre me senti Gay, melhor, eu sempre soube. Eu e minha prima Ana Paula, que hoje reside em São Paulo, sempre fomos ‘ligados em tudo que é novo, diferente, mesmo não sabendo o nome direito a gente ia atrás. Os colegas na escola já me reconheciam como Gay e eu sempre fui bem posicionado (tanto que minha mãe reclama até hoje que precisou ir várias vezes na direção). Posso dizer que sempre tive muito apoio dos professores e principalmente de alguns colegas e isso me fortaleceu. Na adolescência, assim como todo mundo, num período de grandes dúvidas até pensei em tentar me enquadrar como heterossexual, mas quem me conhece sabe que isso seria difícil. Veio à faculdade e com ela um mundo de opções. Eu comecei Jornalismo em Cruz Alta e foi lá que conheci grande parte dos amigos Gays, que tive meu primeiro relacionamento sério e que me levou conhecer pessoas que lutavam pelos direitos gays. Hoje, falamos em direitos LGBTQIAP+, mas lá no início era GLS, depois LGBT, depois LGBTT... mas para mim é apenas uma sigla, o que vale é a nossa luta, as nossas conquistas.

Onde está o preconceito nas pessoas?

Infelizmente o preconceito está presente em todos os lugares, muitas vezes de forma sutis, porém não menos agressiva. Essa semana o Jairo Madril me chamou para falar sobre o mês do Orgulho LGBTQIAP+ e eu sempre digo graças a minha personalidade, talvez pela minha rede de apoio não deixo me afetar por pequenos comentários ou os famosos “mas”, no entanto, a realidade não é tão linda, nem todo mundo possui essa força, ou tem apoio e conhecimento para isso. Quantos e quantos ainda lutam internamente ou deixam de serem felizes por medo de represálias.

“Não é segredo para ninguém que muito LGBT precisa esconder sua sexualidade, o que é muito difícil, para evitar represálias. Vestir uma máscara social para se encaixar nos ditames de pessoas que, muitas vezes, não nos conhece, tampouco sabem de nossas peculiaridades, inseguranças, paixões entre outras coisas”. Como avalias esta afirmação?

Sabemos, até pelos amigos o quanto foi difícil ou até demorado conseguir dizer para mãe e para o pai que sua orientação sexual é diferente da famosa “heteronormatividade”. Diferente da minha realidade e dos meus amigos sei, de muitos casos em que as famílias não querem saber, não querem convívio enfim, o lugar que deveria ser de acolhimento se torna o primeiro a excluir. E essa mudança cultural comportamental depende também das políticas públicas educacionais, porém o tema ainda é tratado como tabu e algo a extinto, pelo menos para algumas religiões. O processo de mudança é longo mas ele está em curso, e isso me deixa feliz, tanto que a nova geração é já mudou isso, e a orientação sexual não é mais condicionante para qualificar ou desqualificar um indivíduo, e assim que deve ser. No entanto, percebo nas relações de amizade a falta de acolhimento, zombaria e desconfianças para os  nominados enrustidos. Eu já conheci duas pessoas que cometeram suicídio que não tiveram coragem de se assumir, um inclusive que o pai falou que preferia o filho morto, o outro os próprios amigos o zombaram por anos, ele até namorada arrumou. Fico muito triste, até indignado com isso. Vamos partir da premissa que ambos não quisessem de fato se assumir, e acho isso uma opção a ser respeitada, mas não concordo com a necessidade das pessoas (principalmente os amigos próximos) precisarem saber ou comprovarem que é ou não é. A gente não faz ideia o quanto isso deve ser difícil de lidar e qual é o verdadeiro entendimento dela sobre isso.

Julio poderias nos falar sobre todas as siglas e conceitos? Ex. O que é o LGBT?

Então. Não sou especialista, mas lá em 1969 quando o movimento começou nos EUA usava-se o termo gay para tudo, e naquele momento, foram os que deram a cara a tapa, junto com as lésbicas, mas se entendia que elas também eram gays. Mais tarde o movimento ganhou os simpatizantes. No início dos anos 2000 usávamos muito o termo GLS, depois invertemos as letras com adições LGBT, agora já estamos com LGBTQIAP+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexual, Pansexual e o + para as demais). O movimento e a luta é pela diversidade no que diz respeito às diferentes orientações sexuais, relações que não sejam entre homem e mulher (heterossexual). 

Freud já dizia que as emoções não expressas saem mais tarde da pior forma possível. Nesse sentido, esta máxima deve servir para tudo aquilo que guardamos e não expressamos por medo do outro, isto pode também aludir à sexualidade?

Fico um pouco receoso ao falar de algo que não sou especialista, mas bem no âmbito das percepções vejo que essas pessoas não conseguem ser realizadas, mesmo tendo conquistado uma vida de sucesso profissional, social e familiar. Quando em 2011 conquistamos via decisão do STF o direito a termos documentada a União Civil Homoafetiva vi ao meu redor muita gente ‘sair do armário’ e isso me deixou muito feliz, principalmente, por eu sempre ter acreditado que o amparo do estado é grande pilar para permitir que os indivíduos consigam ter a liberdade de afirmarem suas orientações sexuais. Gosto muito de trazer esse termo, a homoafetividade, mesmo ela não englobando todas as siglas, porque o afeto e o amor jamais devem ser renegados, e essa é a luta neste mês em que reafirmamos o nosso ORGULHO.

Quais as mudanças mais importantes na sociedade para que possamos respeitar e valorizar as escolhas?

Eu gosto muito de ressaltar a importância da aprovação do Estatuto da Diversidade que é a PLS 134/2018 que está em consulta popular no site do SENADO FEDERAL. Infelizmente esta pauta está parada, estamos vivendo um momento em que foi colocado de lado as políticas públicas para o que é diferente. Gostaria que todos que estão lendo entrassem no site do Senado Federal ou procurassem pela busca do seu navegador preferido saber mais sobre o Estatuto da Diversidade e nos ajudassem a garantir o direito a sermos quem somos, sem discriminação. Graças as nossas lutas conquistamos muito, mas tudo no âmbito judicial, nosso legislativo federal ainda não se pronunciou quanto a União, quanto ao Casamento, quanto a Criminalização e o Estatuto vem para abraçar esses direitos básicos para uma população que ainda tem medo de dizer quem é e se sofre preconceito.

Fomos feitos para viver felizes?

Não tenho dúvidas disso, por mais que algumas vezes paguei um preço alto por ser quem sou, mesmo sendo julgado de diferentes formas, me orgulho de ser quem eu sou e sempre falo que a felicidade é um trabalho diário, ninguém acorda todos os dias bem, cabe a nós decidirmos como queremos passar o dia. Não gosto de receitas de bolo e muito menos de casos de sucesso, fico sempre pensando o que está por detrás disso, mas sim, ser autêntico e ter amigos e família ao redor é um dos grandes pilares para uma vida feliz.

Do que você precisa para ser feliz?

Vou ser repetitivo, mas em primeiro lugar a família e os amigos. Trabalho e dinheiro são importantes, mas a vida já me mostrou que isso não tem tanta relevância assim.

O que você mais se orgulha?

Tenho Orgulho de ser quem sou, mesmo tendo dificuldade em confessar que às vezes não é fácil...

O que te deixa animado?

Quem me conhece sabe que eu amo uma festa, amo uma junção com amigos, umas boas risadas, muita dança e claro, minha paixão maior, um BAILÃO.

Eu gosto e adoro...

B A I L Ã O
 

Conheça um pouco mais de Julio através do seu dicionário

A de Amor, gosto de pensar que é a base de tudo.

B de Brincadeiras, jamais podemos deixar o nosso espírito de criança morrer.

C de Comunidade, algo que dou muito valor e gosto de participar.

D de Direito, é minha busca, é minha luta.

E de Educação, primordial. 

F de Fé, numa sociedade mais justa.

G de Gay, é algo que me representa, mas gosto de dizer que não sou só isso.

H de Honestidade, não preciso explicar.

I de Igualdade, somos todos irmãos.

J de Juventude, o gás para as mudanças positivas em nossa sociedade.

K de KKKKK, sempre é bom uma boa risada.

L de Lealdade, é o que espero de alguém que queira caminhar ao meu lado.

M de Marinar, assim como meu sobrenome, às vezes é bom deixarmos as coisas de molho, se acalmar antes de darmos o próximo passo.

N de Natureza, algo que ainda precisamos aprender a respeitar e a viver de forma equilibrada.

O de Ousadia, eu gosto de pessoas ousadas.

P de Prosperidade, é o que desejo para todos e é uma busca pessoal.

Q de Queijo, tudo fica mais saboroso.

R de Realidade, nem sempre gostamos ou aceitamos, mas ela deve ser o impulso para buscarmos a mudança.

S de Saúde, um desejo pessoal e uma necessidade social, precisamos de muito investimento e fiscalização nos recursos destinados para a saúde pública.

T de Trabalho, é por meio dele que construiremos uma sociedade mais justa.

U de Uva, cai bem o grão, o vinho e a espumante.

V de Vida, uma dádiva.

W de WHEN WE WERE YOUNG (quando éramos jovens), uma música linda da minha cantora preferida ADELE, e que me representa muito.

X de Xote da alegria, como é bom dançar um forró, ainda preciso aprender o jeito raiz disso, dos nordestinos.

Y de Yellow, uma música linda do Coldplay e um cor que amo (amarela).

Z de Zelo, por quem se ama.

 

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