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Carta aberta à comunidade regional

Publicado em 09/10/2020 08h10 - Atualizado há 3 anos - de leitura

Texto: professora Ângela Müller *

A pandemia surpreendeu a todos e obrigou muitos profissionais a se reinventarem e buscarem novas e diferentes alternativas para dar continuidade ao seu trabalho. Instituições e estabelecimentos fecharam suas portas, em determinados períodos, para frear o avanço de uma doença que ainda é muito desconhecida e que nos preocupa.

A escola também cumpriu um importante papel na manutenção do distanciamento social, o que pode, sim, ter contribuído significativamente no controle da contaminação.

Inesperadamente, e por um longo período, tivemos nossas atividades, no ambiente escolar, suspensas. Junto com isso veio, em algumas redes de ensino, suspensão de contratos, de convocações, cortes em auxílios alimentação e transporte, o que acabou por reduzir os rendimentos de vários profissionais de forma abrupta e sem aviso.

Assim como muitos, o professor também amargou perdas salariais. Como se não bastassem os quase seis anos já com os salários dos professores do Estado do Rio Grande do Sul congelados, e com muito tempo de pagamentos parcelados a conta-gotas, reajustes e avanços na carreira foram congelados por mais 18 meses.

A partir da decisão de retomar o atendimento aos alunos, de forma remota, todos os professores foram desafiados a continuar desenvolvendo com criatividade, conhecimento e inovação, o importante papel de educador. Ensinar a distância crianças e adolescentes de todos os níveis de ensino tornou-se o grande desafio. Para isso, muitos precisaram apropriar-se de forma imediata das novas tecnologias, dos mecanismos e equipamentos do mundo digital (pois acreditem ou não, a escola ainda está longe de ser tecnológica), inclusive com a necessidade de melhorar a rede de internet de sua residência e adquirir equipamentos, utilizando seus próprios recursos financeiros.

A pandemia escancarou as desigualdades. Revelou que parte da sociedade ainda vê a escola como lugar de cuidado e para suprir carências nutricionais e afetivas. Mostrou a fragilidade das políticas públicas no cuidado e amparo aos mais necessitados. Fez com que muitos, apesar dos esforços empreendidos pelas escolas e seus profissionais, se afastassem dos processos de aprendizagem, seja pela dificuldade de acesso aos meios tecnológicos, ou das famílias em promover espaços e momentos para o estudo em seus ambientes domésticos.

Porém, resistimos! Como em tantos momentos de dificuldades, o magistério mostrou o seu valor. Abriu as portas de suas residências para transformá-las em ambiente educativo, realizando o planejamento para ser postado em ambientes virtuais ou produzindo impressos e entregues periodicamente às famílias, gravando e editando vídeos, atendendo alunos e familiares em grupos de whattsapp, em qualquer horário ou dia da semana, promovendo aulas ou momentos de interação online como forma de manter o vínculo com o aluno, ou ainda adquirindo material para deixar as aulas remotas mais atrativas.

Apoiamo-nos mutuamente como classe e buscamos, um no outro, o amparo necessário para prosseguirmos. Em grande parte, recebemos apoio das famílias e a parceria necessária para fazer desta experiência tão diferenciada um aprendizado que nos acompanhará. Fizemos isso na tentativa de manter níveis mínimos de aprendizagem e na esperança de influenciar nossos alunos a não desistirem de aprender. Nosso objetivo, como sempre, foi o de garantir que todos aprendam, mesmo tendo consciência que nem de forma presencial isso sempre é possível. No momento oportuno, saberemos recuperar as lacunas na aprendizagem, pois o bem maior foi a preservação das vidas.

Professor também tem família! Além de transferir o ambiente escolar para sua própria casa, utilizando seu material e seu ambiente, e extrapolando sua carga horária semanal, e muito, mesmo que em home office (pois, sim, há muito o que fazer), não desistimos. Tudo isso ao mesmo tempo com as responsabilidades dos cuidados com a casa e com os filhos. Assim como os pais, que nesse momento nos auxiliam a conduzir a aprendizagem, também acumulamos tarefas pessoais e profissionais.

Pedem-nos empatia! Sim, precisamos ter empatia em relação à necessidade que muitos pais têm de deixar seus filhos na escola para poder trabalhar. Sim, somos empáticos e sabemos que, em algum momento, precisamos e vamos planejar o retorno às atividades presenciais, desde que desde que, para  esse retorno os gestores garantam a segurança de professores, funcionários, alunos e seus familiares..

Porém, queremos deixar claro que, em momento algum, paramos. Continuamos trabalhando e, mais do que nunca, aperfeiçoando-nos.

Mas também queremos empatia! Empatia para que entendam nosso receio com um retorno precipitado e de forma não segura, pois conhecemos de perto todas as carências e necessidades das escolas, principalmente do setor público. Conhecemos também nossas comunidades escolares e sabemos que muitos terão dificuldades de manter protocolos sanitários na ida e no retorno da escola.

Muitos alunos convivem com pessoas do grupo de risco. Há de se pensar se um retorno nesse momento não representa um possível desperdício do esforço que muitos empreenderam para conter o avanço da contaminação até agora.

Faltarão recursos financeiros e humanos, principalmente, para dar conta de todas as demandas que o Plano de Contingência vai exigir, ou melhor, que a situação da Pandemia exige, no momento. Nenhuma ação pode se contrapor às orientações da área da saúde e ao próprio estágio de propagação do vírus. O retorno será desgastante para as Equipes Escolares, mas também para os alunos, que serão inseridos em um ambiente escolar muito diferente daquele em que estão habituados. Não há, no momento, condições de implementação efetiva das normas de segurança nas escolas, pela sua própria característica estrutural e funcional.

Há muito tempo acumulamos a desvalorização de nossa profissão, seja na ordem financeira ou moral. Mas, durante a pandemia e principalmente nos últimos dias, presenciamos opiniões e comentários em redes sociais que estimulam a ideia de que recebemos nossos vencimentos sem trabalhar, o que não podemos aceitar.

Por todo o exposto acima, reafirmamos nosso compromisso com a educação das atuais e futuras gerações, pois não nos tornamos professores que não conseguiram algo melhor para fazer. Somos professores porque, todos os dias, reafirmamos nossa excelência e a certeza de que a educação é a alavanca que move o mundo.

Neste mês em que comemoramos o Dia do Professor, não queremos holofotes, homenagens ou mimos. Queremos e merecemos reconhecimento e valorização por parte da sociedade e, sobretudo, dos nossos gestores.

Respeitosamente,

Grupo Independente Professores em Ação

Ângela Müller é professora
e representa o grupo

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