As séries A, B e C do futebol brasileiro têm 20 times cada. A série D tem 68 equipes. No total, 128 clubes nas disputas organizadas pela CBF. Nos torneios estaduais estima-se que existam mais 250 equipes (não parei para contar). Se cada elenco tiver, em média, 28 jogadores, a soma vai para 10.584 atletas. Sem contar equipes da base, isto é, juvenis, sub-20, sub-17, aspirantes, etc.  Dados não oficiais dizem que temos cerca de 40.000 profissionais (e um número incontável de amadores), somente no futebol. Isto comprova, mais uma vez, que para os brasileiros o futebol continua a ser uma possibilidade de ascensão social. Milhões de pais apostam nos seus filhos para (quem sabe?) fugir da miséria que marca suas vidas. É uma solução mágica para condições sociais eternamente degradadas. 

Quando veem casos de alguns jogadores que se tornam milionários, se enchem de esperança. O longo processo de educação — precário, no caso brasileiro — é penoso para muitos. Grande parte, aliás, abandona os estudos pela metade (ou antes disso). E o que temos, ao final, é um pequenino grupo de estrelas que ocupam a mídia, em contraposição a uma multidão de deserdados. Como o futebol é uma paixão, raramente conseguimos ver esta realidade. A paixão nos ofusca.

É a face perversa do futebol mais bonito do mundo...

E o mais curioso é que, neste oceano de atletas, o Internacional continua a perder os gre-nais! (desculpe, eu não podia perder esta!)

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Se você se comove com o sofrimento alheio, você é um ser humano pleno. O que é humano, seja a dor, seja a alegria, o identifica com os outros. Isto é maravilhoso.

Pois a pergunta que recebi dias atrás é a seguinte. A palavra “inumano” tem exatamente o mesmo significado de “desumano”? São próximas, é verdade. Aí vai uma tentativa de distingui-las.

Inumano diz respeito àquilo que não caracteriza o ser humano, é alheio a ele. Alguém que é desprovido de respeito, sensibilidade, generosidade, pode ser chamado de inumano. O melhor exemplo destas pessoas são os psicopatas. Eles pouco se identificam com o ser humano. O sofrimento dos outros não lhes diz respeito. Desumano, por outro lado, é aquele que de forma proposital mostra-se bárbaro, cruel, desalmado e age de forma sádica em relação aos outros.

Se eu assistir a um acidente e, com medo de envolvimento, não socorrer a vítima, estarei sendo desumano. O acidentado pode vir a morrer por conta da minha omissão, certo?

Neste momento de pandemia (vamos a outro exemplo), se eu fizer aglomerações, não usar máscara, sugerir receita de remédios ineficazes e desestimular as pessoas a tomarem cuidados, estarei também sendo desumano. Ou seja, de forma proposital e sádica estou colocando estas pessoas em risco. Isto é desumanidade. 

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Não sei se a definição é a mais correta. Mas o fato é que este longo período de pandemia nos ensinou algumas coisas, a duras penas. Aprendemos a ver, ao nosso redor, pessoas desumanas, que zombam do que está acontecendo no Brasil. E também os inumanos, que estão indiferentes a tudo isto.

Por questão sanitária, e também de saúde mental, tenho me afastado desta gente. São pessoas tóxicas, algumas desumanas, outras inumanas. Sairei desta pandemia com um círculo social menor, mas mais saudável e mais humano. E não vou me arrepender disto.