A presença de negacionistas entre nós não é nenhuma novidade. Movimentos antivacina existem desde o século 18, veja só. Quando surgiu a vacina da varíola, eles diziam que a pessoa vacinada ficaria com cicatrizes o resto da vida, poderia ficar cega, sua cabeça assumiria o formato de uma cabeça de touro e muitos se tornariam dementes. Hoje sabemos que parte daqueles negacionistas eram médicos que, simplesmente, temiam perder seus pacientes (leia-se clientes). Pois foi em 1959 que a OMS promoveu a campanha mundial que, afinal, em 1980, tornou o mundo livre da varíola. A verdade venceu os negacionistas. E vencerá novamente agora.

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Desde então, o mundo já criou vacinas contra tétano, febre tifóide, peste, escarlatina, difteria, tuberculose, coqueluche, gripe, tifo, febre amarela e mais algumas de que não estou lembrando. Eu e você não conseguiríamos calcular quantos milhões de vidas foram salvas.

Em 1904 aconteceu a famosa “revolta da vacina”, no Rio de Janeiro. A população se revoltou, negando-se a receber a vacina contra a varíola. O líder da vacinação era Oswaldo Cruz. Foi ele que pediu ao governo instrumentos para impor a obrigatoriedade da vacinação. A resistência foi grande, pois somente em 1908 (quatro anos mais tarde), com uma nova e fortíssima epidemia de varíola, é que a população correu aos hospitais em busca da vacina.

 Hoje, os argumentos dos negacionistas são um pouco diferentes. Vão desde imunidade de rebanho até ameaças de alterações terríveis no nosso DNA. O ruim é que a conversa fiada deles convence algumas pessoas, para as quais as autoridades científicas da Organização Mundial da Saúde estão enganando as pessoas em todo o planeta. O que vale (parece) é a opinião do Juca Gordo, lá da borracharia do meu bairro, que diz ter combatido a Covid com limão, caninha 51 e asa de morcego!

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 Mudando de assunto. Este verão parece estar confirmando algumas previsões antigas dos ambientalistas. Eles previram que, em razão das mudanças climáticas, o mundo passaria a conviver com situações extremas. Situação extrema é o que estamos vivendo. Enquanto o centro do país está submerso em inundações, nós aqui do sul convivemos com uma estiagem assustadora, com temperaturas nunca vistas. Sempre tivemos períodos chuvosos ou estiagens ocasionais, mas o que estamos vendo agora é diferente.

Uma das causas é o fenômeno “La Niña”, que esfria as águas do Pacífico. Os ventos que vêm do oeste se aquecem ao descer a cordilheira, formando bolsões aquecidos. Eles realimentam a estiagem (que já vem desde o início de 2020, isto é, antes do “La Niña”). Uma coisa contribui para a outra.

 A preocupação maior é, obviamente, a mudança climática (que nem os negacionistas conseguem refutar). Fenômenos extremos vêm aumentando em quantidade e intensidade nas últimas décadas. Ondas de calor, por exemplo, têm se tornado mais frequentes em todas as regiões do mundo desde 1950, conforme acompanhamentos de laboratórios.

 Mas os cientistas apontam algumas soluções simples para combater tudo isto. Preservar leitos dos rios, matas ciliares, florestas, mangues, etc. Tudo isto torna o ar mais úmido e mais equilibrado. Umidade significa água. Água para humanos, para plantas, para animais. E água, nas torneiras ou nas nuvens, é o que pode nos salvar. Parecem soluções simples diante de forças econômicas poderosas, como o agronegócio predatório, a especulação imobiliária, a mineração inescrupulosa, etc. Mas uma coisa é certa. Um dia, inevitavelmente, teremos de fazer uma escolha.