- Notaste que o inverno chegou? - Como, assim? O inverno? - Sim. Chegou na última terça-feira, não tá sabendo? - Mas, que diabos! Eu pensei que ele estava se despedindo!... - Quem se despediu foi o outono. Agora, fique atento. E feche essa janela!

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E hoje, 24, comemoramos o dia de São João. Talvez por nossa origem imigrante com pouca presença de portugueses, por estas bandas a festa não tem a força que se manifesta em outras partes do Brasil. João Batista é conhecido como o “santo festeiro”, que foi decapitado. Em grande parte do Brasil a festa é mesmo grande, reunindo cristãos e também aqueles que não professam religiões, numa mostra do nosso sincretismo. Danças e pratos típicos foram se incorporando à festa, tornando-a um grande evento. Para os católicos, por exemplo, a fogueira está presente porque, segundo a tradição, Isabel (a mãe de João Batista) teria usado uma fogueira para avisar Maria (a mãe de Jesus) do nascimento do filho. Para se ter uma ideia do tamanho da festa, em Campina Grande (PB) ela chega a atrair um público de 2 milhões de pessoas. Haja quentão! Haja pipoca!

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Vivemos numa região em que são muitos os apreciadores de um bom vinho. O leitor certamente já degustou um vinho de Mendoza, a região argentina tida como a maior produtora vinícola das Américas. E os vinhos são ótimos. A variedade de uva malbec, por exemplo, tornou-se uma espécie de patrimônio cultural da Argentina, ocupando vastas regiões próximas à cordilheira dos Andes. Pois também devemos saber que aquela região é, atualmente, em toda a América, a mais atingida pelas mudanças climáticas. São vales belíssimos, mas as montanhas espetaculares à volta reduzem, a cada ano, suas camadas de neve. Esses vales sobrevivem da água do degelo, e não se produz uva sem água. A chuva, propriamente dita, é raríssima por lá porque a cordilheira impede a sua formação. Algumas vinícolas familiares já fecharam as portas. Em muitos lugares já estão usando a água dos lençóis freáticos (que é limitada). A água do degelo, em algumas regiões, está sendo canalizada e utilizada de forma comunitária. Cada produtor recebe água apenas por algumas horas por semana. Em outras palavras, a riquíssima região de Mendoza está, agora, diante de um grande desafio, e todos se perguntam o que acontecerá nos próximos 10 ou 20 anos.

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Este cenário dramático deve nos levar a uma reflexão. Quando negamos evidências, ou seja, quando fechamos os ouvidos às advertências da ciência, estamos fugindo do problema. Estamos deixando de enfrentá-lo. É aquela velha história da avestruz... Em termos ambientais o Brasil está retrocedendo, e muito. Nosso esforço em fechar os olhos para a realidade contribui para cenários dramáticos em muitos lugares do mundo. E um dos próximos dramas acontecerá aqui mesmo, no Rio Grande do Sul. Com o devastador desmatamento que vem ocorrendo na Amazônia, o ciclo de umidade e chuvas deverá sofrer severa mudança (cinco anos? dez anos?) e o sul do Brasil, parte da Argentina e do Paraguai, viverão mudanças radicais. O clima se tornará imprevisível e muito louco. Aguarde!