De tudo um pouco
Publicado em 04/12/2021 10h25 - Atualizado há 2 anos - de leitura
O escritor Jeferson Tenório, que mora em Porto Alegre, é um dos nomes consagrados na literatura brasileira atual. Já era conhecido nacionalmente, mas dias atrás ganhou o prêmio “Jabuti 2021”, tido como a mais respeitável premiação literária do país. Pois o Jeferson é ex-aluno da UFRGS e entrou na universidade com a primeira turma do programa de cotas raciais.
Vale lembrar que a política de cotas nas universidades sempre trouxe à tona o preconceito brasileiro, um preconceito quase eterno vindo daquelas pessoas mergulhadas num poço de inveja. O Jeferson Tenório certamente já foi chamado de “bandido” e “vagabundo” em algum momento da sua vida, mas não deu ouvidos e seguiu em frente, para sorte e alegria de todos nós.
Outro exemplo: tenho um amigo que também entrou na universidade pelas cotas, oriundo de uma família muito pobre. Hoje é engenheiro e trabalha na Alemanha porque no Brasil a sua área de atuação não tem apoio. É mais um daqueles talentos que os gringos levam embora.
O fato é que as cotas estão revelando muitos talentos de que o Brasil precisa e que estavam sufocados pelo preconceito e discriminação. Isto, sim, é mérito...
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Aliás, falando em mérito, continua em tramitação o projeto que praticamente acaba com os concursos públicos no Brasil. Por isso é que existe uma campanha midiática covarde contra os servidores. A imprensa brasileira se presta a este tipo de manipulação.
Mas o que existe por trás disso é outro projeto. O projeto de livre nomeação de afilhados, apadrinhados e cabos eleitorais, envolvendo um contingente de 1.000.000 de pessoas, segundo alguns cálculos. Sem concurso, pois. É a velha e conhecida história de grupos se apoderando do Estado, em busca de verbas, de “emendas”, de altos salários, de negócios privados às custas do Tesouro. Querem o fim do mérito. Essa história nós já conhecemos desde os tempos de Getúlio Vargas.
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Estamos em dezembro, o mês que passa mais depressa. O ano se despede, mas a pandemia continua por aí, incomodando-nos. Talvez seja o momento para reflexão. Será que estamos aprendendo algo com tudo isto? Será que basta voltar ao antigo “normal”? Ou podemos esperar uma nova forma de viver?
Nas empresas, o grande aprendizado é o trabalho em equipe. Há quem esteja no trabalho de frente, outros em home office. Mas o êxito de todos agora depende do espírito de colaboração e apoio recíproco.
No âmbito familiar, aprendemos a distribuir afeto, a abraçar, a conversar, a valorizar os momentos com aqueles que nos amam. Afinal, a pandemia nos ensinou que tudo isto pode não ser possível na próxima semana.
Socialmente, foram incontáveis as iniciativas para reduzir o sofrimento daqueles que perderam familiares, dos que perderam seus empregos e dos que hoje enfrentam a miséria. Uma sociedade minimamente saudável deve ser solidária.
No convívio social, aprendemos a respeitar espaços e distanciamentos. Também aprendemos a cuidar de nós mesmos, seja pelo uso da máscara, seja pela higiene pessoal e cuidados com a imunidade orgânica.
Bom, estou dizendo tudo isto como se fosse uma situação ideal, como se tudo isto estivesse de fato acontecendo. Acredito que em parte é verdade. Em parte, porém, ainda há um estranho desleixo, como se um dia tudo fosse voltar ao que era antes. Pois eu garanto: não voltará. Aqueles que são capazes de aprender, de rever seu modo de vida, de tirar lições destes tempos difíceis, estes sobreviverão. E podem se tornar os líderes das novas relações pós-pandemia. De tanto ver loucos varridos e negacionistas, eu tenho um grande desejo de encontrar apenas pessoas sensatas no futuro. Tenho certeza de que são muitas...