Coisas da cidade
Publicado em 05/03/2022 09h33 - Atualizado há 2 anos - de leitura
Uma das coisas pitorescas da nossa cidade é a tal “árvore lunar”, lá no Parque de Exposições. Eu sempre tive algumas dúvidas a respeito, mas uma matéria publicada no site da BBC, no último dia 21, trouxe algumas explicações.
Tudo começou em 1971, quando o astronauta Stuart Roosa levou 500 sementes de árvores na Apollo 14. O cara era astronauta mas também trabalhara combatendo incêndios florestais durante a juventude. No caso da Apollo 14, ele era o piloto do módulo de comando. Enquanto outros dois astronautas desceram na Lua, ele ficou sozinho no espaço, cuidado da nave e de suas sementes.
A ideia era avaliar a saúde e a genética das sementes a longo prazo, e saber dos impactos daquelas condições extremas. Em 9 de fevereiro de 1971 a nave retornou à Terra. As sementes foram entregues ao Serviço Florestal e posteriormente doadas, e pouco se sabe sobre o exato destino delas.
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O astronauta Stuart Roosa morreu em 1994 e sua filha Rosemary criou a “Moon Tree Foundation” (ou Fundação da Árvore Lunar) para tentar catalogar estas árvores e o seu destino. A Nasa já sabe que existem mais de 60 destas plantas que ainda estão vivas. Entre elas, a de Santa Rosa. No Brasil, ainda temos uma em Cambará do Sul e outra em Brasília.
Também há plantas geradas por tais sementes na Suíça, Rússia, Itália, Arábia Saudita e, é claro, nos EUA.
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Bom, com essa história toda já chegamos a uma conclusão. É errado dizer que as sementes germinaram em solo lunar. Isto seria impossível (a não ser numa base habitável por humanos). Na verdade, elas foram “passear” no espaço sideral e retornaram à Terra, onde vieram a germinar. A conclusão é que elas resistiram muito bem à viagem. Entre as que sobreviveram está aquela do nosso Parque de Exposições, plantada em 1981. A propósito, as sementes levadas ao espaço eram de várias espécies, mas a que veio parar aqui é uma sequoia, espécie estranha às nossas florestas.
A expressão “árvore lunar”, pois, que foi criada pela filha do astronauta, pode nos enganar.
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Deve ser a única sequoia da nossa região. E tem uma longa história pela frente. As sequoias são conhecidas por seu tamanho pois podem superar os 90 metros (um edifício de 30 andares), e também porque podem viver centenas ou até milhares de anos. Hoje elas são protegidas, especialmente na América do Norte, onde quase foram dizimadas por lenhadores.
Ou seja, quando eu e você estivermos bem velhinhos, a “árvore lunar” do Parque de Exposições nem sequer terá chegado à sua adolescência.
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Mudando de assunto. Já ouvi a reclamação de muita gente. Em vários locais da cidade a RGE (ou alguma empresa por ela terceirizada) efetuou podas de árvores para impedir danos à rede elétrica. Até aí, tudo bem.
Acontece que em vários locais os galhos cortados continuam lá, sem o devido e necessário recolhimento. Há pontos da cidade onde a poda foi efetuada há mais de 60 dias. E os galhos estão lá. Alguém explica?