Belas bruxas
Publicado em 06/11/2021 09h37 - Atualizado há 2 anos - de leitura
O “Dia das Bruxas” (31 de outubro), que chamamos de “Halloween”, é uma antiga tradição que atualmente envolve brincadeiras. Chegou até nós e é comemorado no Brasil todo. Serve também para lembrar um tempo em que as mulheres eram queimadas vivas, em público. Hoje ainda temos situações em que elas são trucidadas dentro de casa, como sabemos.
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Pois aquelas mulheres da Idade Média (milhares foram assassinadas, segundo alguns historiadores) não tinham quaisquer poderes sobrenaturais. Eram, na verdade, mulheres que não se submetiam à humilhação imposta pela sociedade da época. O propósito de associá-las à bruxaria era mesmo provocar o desprezo social.
Feitiçaria e bruxaria ocuparam a imaginação do mundo durante séculos. Lá no século XV (época em que o Brasil foi descoberto) os processos por bruxaria envolviam a Igreja e a terrível Inquisição. A caça às bruxas aterrorizou a Europa durante muito tempo. E muitas mulheres morreram sem qualquer prova de seus crimes, e sim por acusações estúpidas.
Algumas tinham habilidades pouco comuns para mulheres daquele tempo. Entendiam de medicina de ervas e chás, outras eram artistas, e outras eram atacadas pela sua beleza. Ser uma mulher independente sempre foi uma maldição. Aliás, até hoje é assim. Não é sem razão que se diz que uma mulher bela e independente perturba os homens e gera inveja. A “bruxa” nem sempre é uma velha feia e maldosa como as das histórias infantis.
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É claro que, hoje, felizmente, temos uma visão mais humana e civilizada da questão, embora ainda haja tantos casos de violência contra a mulher. A propósito, já está em vigor o programa de cooperação “Sinal Vermelho”, previsto na Lei 14.188/2021. Através deste programa, as vítimas de violência doméstica poderão fazer denúncias nos cartórios (são 700 cartórios no Rio Grande do Sul e mais de 5.000 no Brasil), além das delegacias da mulher já existentes.
Trata-se de mais um esforço para conter as agressões e abusos. As chamadas para o número 180 cresceram 34% em relação ao mesmo período do ano passado. A violência persiste, pois.
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A única bruxa que eu conheci era uma vizinha que não devolvia a bola do nosso campinho de futebol. Quando a bola voava para dentro do pátio dela, o jogo acabava. Foi a bruxa da minha infância, com fundadas razões....
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Mudando de assunto. A pretensão manifestada pelo município de abrir uma rua, cortando o Parcão e lá instalando um terminal de ônibus, está sendo alvo de resistência de pessoas e entidades. Já existe até um abaixo-assinado, na forma de petição pública eletrônica, circulando nas redes sociais.
Na prática, a obra destrói a praça 10 de agosto e também o Parcão.
Ouvi inúmeras opiniões a respeito. De forma unânime, os santa-rosenses percebem (e assim se manifestam) que o projeto é açodado e não contempla a harmonia urbana e paisagística que se espera para o centro da cidade. Provavelmente, teremos um local degradado e de pouco proveito prático.
No mínimo, o assunto deveria ser alvo de debate público. Afinal, precisamos mesmo deste tal “terminal”? A cidade está disposta a abrir mão de sua praça? Perguntas como estas estão rodando por aí...