A violência por perto

Publicado em 12/02/2022 08h44 - Atualizado há 2 anos - de leitura

As notícias recentes aqui na região têm um aspecto marcante e, digamos, não habitual: a violência. De alguns meses para cá isto se tornou visível. Algumas pessoas se assustam, o que é bem natural. A cidade e a região, antes pacatas e provincianas, já têm um nível de violência considerável, mostrando que não estamos isolados do mundo. Percebemos também que parte desta violência vem de outras bandas, na carona do tráfico.

Devemos aprender com isto. A agressividade está dentro de nós (nós, humanos), mas ela se acirra e se espalha também pela loucura da vida contemporânea, pela miséria, pelas crises econômicas, pelo consumismo desenfreado, etc. As razões são muitas. E a conclusão mais evidente é que ela, a violência, não está só nos grandes centros urbanos, como tempos atrás.

Ela está ao nosso redor, pois.

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O número de armas de uso amador, no Brasil, já supera a quantidade de armas em poder das Polícias Militares. São três categorias amadoras: “caçador”, “atirador esportivo” e “colecionador”. No total, conforme levantamento de abril/2021, são 648.731 armas cadastradas, contra 583.498 armas das forças policiais.

O levantamento consta do livro “Arma de fogo: gatilho da violência no Brasil”, escrito pelo advogado Bruno Langeani. O quadro geral de armas no Brasil (o que inclui também empresas de segurança e outras categorias) chega a 3.400.000.

Neste número não consta o armamento das forças armadas.

É um levantamento de abril do ano passado, o que nos leva a concluir que atualmente o número deve ser bem maior, especialmente se considerarmos que as vendas são crescentes e muito armamento entra no Brasil de forma clandestina, destinado a abastecer as milícias. Lembro que desde o início do seu governo, Bolsonaro já assinou 20 decretos liberando a aquisição de armas. Virou uma farra.

A importação de armas cresceu 33% só no ano passado. No grupamento de fuzis, metralhadoras, submetralhadoras e carabinas o aumento foi de 574%

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Alguns tipos de armas, antes controladas, agora estão liberadas. Um fuzil semiautomático, calibre 7.62, por exemplo, hoje não é mais um produto controlado. Alguns especialistas apontam que o crescimento do número de armas destinadas ao uso “caseiro” (aquelas que devem permanecer na residência) tem relação direta com o aumento da violência doméstica nas estatísticas recentes.

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Outro aspecto preocupante, e já comprovado, é que parte deste material bélico legal está abastecendo o tráfico em todo o país. No último dia 25/01 tivemos um exemplo disto. A polícia civil do Rio apreendeu 26 fuzis, 21 pistolas, 3 carabinas e muita munição na casa de um sujeito que tinha licença para a aquisição. Ele comprava armas de forma legal e repassava os produtos para facções do crime organizado.

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O debate que se vê por aí, porém, está errado, ou, pelo menos mal direcionado. A decisão de ter uma arma é individual, e implica em responsabilidades, é claro. Sabemos que possuir uma arma é coisa séria. A questão central é outra. Diante desse quadro de liberalização descontrolada, estamos na verdade estimulando a criação de uma sociedade beligerante, que aprecia o confronto, a agressão e também a morte. Um mundo muito mais violento. Uma sociedade perigosa e infeliz. Será realmente isso o que queremos?

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