A aventura de Olmindo

Publicado em 01/05/2022 10h17 - Atualizado há 2 anos - de leitura

A aventura de Olmindo

De tanto ouvir falar na tal Fenasoja, Olmindo decidiu ir até lá para realizar dois projetos. Comprar um trator de segunda mão e arrumar uma namorada, pois a longa viuvez o deixava saudoso de uma companhia feminina. E explicava para o dono do armazém: “Estou numa estiagem de dar dó, apaixonado até por perna de mesa...”

Vestiu uns panos guardados há séculos, visitou o barbeiro e borrifou-se com um litro do perfume que guardava no armário desde o Natal de 1999, presente dos filhos, coisa capaz de fazer as moças correrem no seu encalço pelos corredores do Parque de Exposições.

E ainda acrescentava para o atento bolicheiro: “Ando com o pé afiado para mostrar pro povo da cidade como se dança o Fundo da Grota. Essa gentinha urbana gosta de arrasta-pé mas dança mal que parece ganso fugindo”. Imaginava ele que por lá encontraria uma bailanta bem animada.

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Nos bolsos do casaco, um pente, um potinho de gumex, uma escova de dentes, algum dinheiro e um papelote com uma poesia do Olavo Bilac que ele pretendia recitar para a primeira guria que lhe desse atenção. Tamanho entusiasmo sempre tem seus inconvenientes. Olmindo esqueceu em casa o pequeno frasco plástico onde mantinha seus comprimidos para o coração, mas concluiu que um dia sem eles não faria diferença.

E lá chegou, faceiro e oferecido. De estande em estande vendo as novidades para a lavoura e se aproximando das atendentes com o claro propósito de mostrar a qualidade do seu perfume. E não atinou que seus avanços provocavam, na verdade, uma debandada geral e que ele acabava sozinho entre arados, plantadeiras e tratores. Mas nada que o fizesse desistir de seu passeio cheio de curiosidades.

Até que, meio por acidente, recebeu frontalmente um sorriso vistoso de uma garota que, num estande meio brega, vendia aparelhos para medir pressão, panelas antiaderentes e sofás que fazem massagem. De cara, Olmindo ficou encantado, depois de tantas visitas sem a mesma calorosa recepção. E por lá ficou, pensando consigo mesmo: “É até bem bonitinha e, pelo visto, sabe fazer carreteiro”. E até pensou em declamar a poesia do Bilac em pleno pavilhão para que os visitantes percebessem seu entusiasmo.

Olmindo estava deveras emocionado, já se imaginando casado e vendo e mulher plantando milho lá na propriedade. Que coisa linda seria! Foi quando passou a sentir a cabeça estranha, a vista nublou e buscou amparo no banco mais próximo. Revirou os bolsos em desespero e compreendeu que estava em maus lençóis. O efeito do remédio passara. Em instantes, desabou sobre um fardo de sementes de milho de última geração.

Depois de tudo, explicava ao dono do armazém: “Foi bem assim, compadre. Tive a ventura de receber um boca-a-boca da prenda e uma gentil carona dos bombeiros até o hospital, onde cheguei quase nos braços de São Pedro. Perdi a Fenasoja, a namorada e o trator. Mas estou inteiro.  Voltarei lá, mas agarrado no meu pacote de Isordil...”

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Mudando de assunto. Depois da estátua do cavalo, Santa Rosa deveria mudar o nome para Sucupira, a cidade do vexame. Perdemos definitivamente o senso do ridículo? Que coisa mais patética!

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