O Brasil é um país de privilegiados. Exemplos não faltam. Um, entre eles, é Luís Inácio Lula da Silva. Há quase 30 dias o ex-presidente desfruta das delícias reservadas a poucos, em Cuba. Nas suas férias no país caribenho, acompanhado de sua namorada, vai gravar um documentário de Oliver Stone, direcionado - é claro - à exaltação de Fidel Castro. Nem as condenações em dois processos, em mais de uma instância, impediram que Lula viajasse com seguranças e assessores, como é direito seu. Aliás, os ex-presidentes têm direito, ainda, a passagens aéreas e diárias de hotéis, bem como ao pagamento das despesas de combustível dos veículos utilizados (Decreto 6.381/2008).

Na atividade privada, impera o binômio custo/benefício - este traduzido em retorno socioeconômico. Já com os ex-presidentes, sabemos seu custo, não o benefício. Aliás, sabemos: não existe retorno social, cultural ou econômico. A dimensionar o tamanho dessas despesas sem contrapartida, temos: Lula: em 2019, R$ 766.000,00; em 2020, R$ 790.000,00 (sem computar viagem a Cuba); Dilma: em 2019, R$ 1.579.000,00; em 2020, R$ 781.000,00; Collor: em 2019, R$ 961.000,00; em 2020, R$ 729.000,00; Temer: em 2019, R$ 879.000,00; em 2020, R$ 687.000,00; FHC: em 2019, R$ 936.000,00; em 2020, R$ 686.000,00; Sarney: em 2019, R$ 845.000,00; em 2020, R$ 591.000,00. Nos últimos 4 anos, Dilma gastou R$ 5.400.000,00; Lula, R$ 3.000.000,00.   

Segundo o art. 5º da CF, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se (...) direito à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Porém, o todos são iguais vale apenas para os mais iguais; o sem distinção é com distinção; o direito à segurança não é para todos. Aliás, há gente que não só despreza a nossa Constituição como prefere a Constituição de Cuba, que diz (art. 5º): “O Partido Comunista de Cuba, único, martiniano, fidelista, marxista e leninista, vanguarda organizada da nação cubana, sustentado em seu caráter democrático e na permanente vinculação com o povo, é a força política dirigente superior da sociedade e do estado”. Ora, democracia é incompatível com leninismo; democracia não existe onde impera partido político único. Por isso, há 62 anos a eleição em Cuba é uma farsa.

Essa não é a 1ª viagem internacional de Lula após deixar o presídio (PR). Antes foi ao Vaticano encontrar-se com o Papa e, depois, a outros países da Europa. Mas faz sentido a lua de mel de Lula em Cuba. Ao tempo do Fidel Castro, as viagens de emissários brasileiros para lá, oferecendo dinheiro do BNDES, eram frequentes. Daí nasceram os generosos empréstimos concedidos por Lula e Dilma, via BNDES, mediante aval do Tesouro Nacional. Só para o Porto de Mariel, obra realizada pela Odebrecht (para a Lava-Jato, relação promíscua), Lula e Dilma emprestaram (doaram) US$682 milhões a Cuba. Na nossa moeda, R$ 3,6 bilhões. Cuba nunca pagou, mas é grata a Lula.

 Mordomias às expensas do erário público são privilégios odiosos. Em tempo de pandemia são um escárnio. No popular, são uma bofetada na cara de cada brasileiro. Com efeito, o Brasil tem 14,05 milhões de famílias em pobreza extrema (eram 14,09 milhões em 12/2014), o equivalente a 40 milhões de pessoas. A fim de comparação, lembro que o nosso combalido Tesouro Nacional gastou R$ 620 bilhões em 2020, sendo R$ 322 bilhões apenas para socorrer a 68 milhões de famintos em decorrência do vírus chinês e R$ 80 bilhões aos governadores e prefeitos para o combate ao Coronavírus.

A pandemia não interrompeu o pagamento da União aos ex-presidentes, valor que sai, inclusive, dos mais pobres e de quem perdeu o emprego no ano passado. Assim, enquanto milhões sobrevivem do lixo, ou da solidariedade, ou do auxílio emergencial, os ex-presidentes, sem contrapartida ao país, vivem nababescamente. Até quando?